quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

(...) Memórias 1

"À distância segues o meu balanço, sei que o meu olhar te afugenta, te queima, por isso nem nestas alturas me olhas nos olhos. A vontade de ter jogos existe, mas é proibida. Todo o meu ser te é proibido, perigoso. Sozinho comigo, sabes que tudo muda. Dá-me cinco minutos.

A roupa escorrega, liberta-se do corpo, mas nem assim parece ser suficiente. Sabes que queres mais, queres tudo, os teus olhos suplicam que revele, mas a tua boca nega, relembra regras, inventa distrações. Amor, não importa, vais cair aqui mais cedo ou mais tarde, dá-me só cinco minutos.

As tuas mãos desenham-me as formas. Imóvel, congelada. Não penso em nada e estremeço a cada gesto teu. Entraste no meu mundo. Mundo distante e imaginário, que poucas vezes se torna real. Desejos que se materializam na nossa carne, neste quarto que nos serve de esconderijo. E ninguém precisa de saber que as nossas mãos se entrelaçam, que o meu peito toca o teu. Retrais-te, sabes que isso não pode vir a acontecer. Eu também sei, mas acalmo-te. Ninguém sabe, dá-me cinco minutos, não penses.

Esta sede que o teu corpo me dá, que me enlouquece. Resistes com forças em ti que desconheço, não te perdes em curvas, lábios carnudos ou no toque. Deixa de ser racional, meu bem, faz com que a barreira invisível entre nós desapareça, perde-te no tempo, perde-te durante cinco minutos.

Deixa que o jogo de cores e escuridão, cheiros afrodisíacos, e sabores proibidos te cheguem. Que venha um destino que não podes controlar. Cinco minutos são o suficiente, para eu impregnar-me na tua pele, para te sufocar. É irresistível, involuntário, sobrepõe-se à tua vontade. Deixa-te triste, e feliz. Sentes-te rei sem trono, e o teu ser quer sucumbir perante a divindade de um paraíso terrestre. Tão à tua frente. Tão perto. Tão teu.
A chama arde e não cessa. Mil palavras roçam a tua mente, tentas agarra-las. Já nem pensas bem. Mas sabes que não podes e por isso vais.

Sim amor, cinco minutos bastavam."

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